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Os paseros são trabalhadores informais responsáveis pelo transporte de mercadorias entre Ciudad del Este, no Paraguai, e as cidades fronteiriças do Brasil e Argentina, especialmente Foz do Iguaçu. Atuando na Tríplice Fronteira, eles desempenham um papel central no comércio informal, carregando produtos de um lado para o outro, muitas vezes sem pagar impostos ou tarifas alfandegárias. Embora sejam parte integrante da economia local, os paseros estão em uma área cinzenta da legalidade, enfrentando desafios relacionados à segurança e à regulamentação.

Quem São os Paseros?

O termo paseros refere-se a indivíduos que fazem o transporte de mercadorias entre Ciudad del Este e os países vizinhos, Brasil e Argentina.

  1. Trabalho Informal: Os paseros geralmente carregam produtos como eletrônicos, roupas, alimentos e outros itens populares no comércio fronteiriço. A atividade deles está ligada ao comércio informal, já que as mercadorias transportadas nem sempre são declaradas às autoridades aduaneiras.
  2. Zona de Fronteira: Ciudad del Este, no Paraguai, é um dos maiores centros de comércio livre da América Latina, atraindo compradores do Brasil e da Argentina em busca de mercadorias a preços mais baixos. Os paseros aproveitam essa demanda para transportar produtos pelas fronteiras, muitas vezes carregando-os em pequenos veículos, motocicletas, bicicletas ou mesmo a pé.

Importância Econômica

Os paseros desempenham um papel significativo no comércio local da região da Tríplice Fronteira, movimentando a economia informal e proporcionando acesso a produtos com preços reduzidos.

  1. Mercado Informal: Estima-se que uma parte significativa dos produtos comercializados em Ciudad del Este seja transportada para o Brasil e Argentina de forma informal. Os paseros são a ponte que conecta os compradores às lojas da cidade paraguaia.
  2. Empregabilidade: Para muitos, ser pasero é a única fonte de renda disponível na região. A falta de oportunidades de trabalho formal leva muitas pessoas, especialmente jovens, a se tornarem paseros como uma forma de sustento. No entanto, essa ocupação também coloca esses trabalhadores em situações de risco, tanto em termos de segurança quanto em relação à legalidade.

Mercadorias e Produtos

Os paseros transportam uma ampla variedade de mercadorias, muitas vezes com o objetivo de aproveitar a diferença de preços entre o Paraguai e os países vizinhos.

  1. Eletrônicos e Aparelhos: Produtos como celulares, laptops, videogames e outros eletrônicos são alguns dos itens mais procurados pelos consumidores brasileiros e argentinos, sendo os principais produtos transportados pelos paseros.
  2. Bens de Consumo: Além de eletrônicos, os paseros também transportam roupas, perfumes, bebidas, cosméticos e alimentos. Muitos desses produtos são comprados a preços baixos em Ciudad del Este e revendidos em cidades brasileiras e argentinas.

Desafios e Riscos

Embora os paseros movimentem uma parte significativa da economia informal da fronteira, a atividade que realizam está envolta em desafios relacionados à legalidade e à segurança.

  1. Risco Legal: O transporte de mercadorias sem declaração ou sem pagamento de impostos é considerado ilegal pela legislação aduaneira de Brasil e Argentina. Frequentemente, os paseros se deparam com operações de fiscalização nas fronteiras, correndo o risco de ter suas mercadorias apreendidas e de enfrentar multas ou até prisão.
  2. Condições de Trabalho: Os paseros trabalham em condições precárias, sem garantias legais ou seguridade social. Muitos carregam grandes volumes de mercadorias manualmente, cruzando fronteiras a pé ou utilizando transportes improvisados, o que pode levar a lesões físicas e condições de trabalho perigosas.
  3. Criminalidade: A atividade dos paseros está, em alguns casos, ligada a redes de contrabando, tráfico de drogas e outros crimes organizados. Embora muitos paseros sejam trabalhadores honestos tentando ganhar a vida, a proximidade com atividades ilícitas pode tornar seu trabalho arriscado.

Papel na Cultura Local

Os paseros são uma parte fundamental da cultura de comércio e troca que caracteriza a região da Tríplice Fronteira.

  1. Identidade Regional: A figura do pasero está profundamente entrelaçada com a dinâmica econômica e cultural da Tríplice Fronteira. Eles são parte da identidade local, simbolizando tanto a criatividade e a resiliência dos trabalhadores da região quanto os desafios da informalidade e da falta de oportunidades.
  2. Percepção Pública: Embora muitos vejam os paseros como trabalhadores necessitados, outros os associam ao contrabando e ao comércio ilegal, o que leva a uma percepção mista da atividade na sociedade.

Medidas Governamentais

Os governos de Brasil, Paraguai e Argentina têm implementado medidas para controlar o comércio informal e combater o contrabando na região da Tríplice Fronteira.

  1. Aduana e Fiscalização: Frequentemente, as autoridades dos três países realizam operações conjuntas para coibir o contrabando e impor a tributação de mercadorias transportadas pelos paseros. Essas ações incluem bloqueios nas pontes e inspeções nas zonas fronteiriças.
  2. Regulamentação do Comércio: Embora o comércio informal persista, há discussões sobre a criação de políticas que permitam regulamentar o trabalho dos paseros, oferecendo-lhes mais proteção e condições dignas de trabalho.

Conclusão

Os paseros representam uma parte importante do comércio informal da Tríplice Fronteira, conectando Ciudad del Este às cidades brasileiras e argentinas. Embora enfrentem riscos legais e desafios relacionados à segurança, eles são peças-chave na movimentação de mercadorias e na dinâmica econômica da região. Ao mesmo tempo, a atividade dos paseros destaca as complexidades do comércio informal e as dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores de fronteira.