O Lago Hillier é conhecido por sua impressionante coloração rosa vibrante, que oferece um espetáculo visual e ilustra processos biológicos e químicos que ainda são pouco compreendidos.
Geografia e Descoberta
O Lago Hillier está localizado na ilha Middle Island, que faz parte do arquipélago Recherche. Mais precisamente na costa sul da Austrália Ocidental. Com aproximadamente 600 metros de extensão e 250 metros de largura, caracteriza-se como um lago de dimensões relativamente pequenas.
Ele é cercado por florestas de eucaliptos e casuarinas, um contraponto à aridez da paisagem dos desertos australianos. O lago e a ilha estão no Parque Nacional Cape Arid.
O Parque Nacional Cape Arid protege a biodiversidade da região. Aqui, encontram-se plantas e animais únicos, alguns endêmicos e outros em risco. A beleza do Lago Hillier e a importância ecológica da área são preservadas.
O acesso ao Lago Hillier é limitado para proteger o ambiente. Muitos veem o lago por sobrevoos, sem pôr os pés na ilha. Isso ajuda a preservar a cor única do lago e os ecossistemas da ilha e do arquipélago.
Sua descoberta ocorreu em 1802, quando o explorador britânico Matthew Flinders estava realizando uma viagem de circunavegação pela Austrália, a bordo do HMS Investigator, para mapear a costa e adquirir conhecimento sobre a geografia e a natureza da área.
Em janeiro de 1802, o explorador se encontrava no Arquipélago de Recherche, localizado na costa sul da Austrália Ocidental. Nesse local, ele e sua equipe depararam-se com um lago de coloração rosa na maior ilha do arquipélago, a Middle Island.
Flinders ficou impressionado com a tonalidade incomum do lago e fez questão de anotá-lo em seu diário, descrevendo-o como uma visão deslumbrante na ilha, cercada por densa vegetação e protegida do mar por dunas.
A descoberta despertou grande interesse na comunidade científica, e até hoje, a razão por trás da coloração rosa do lago permanece envolta em mistério.
O Lago Hillier recebe seu nome em homenagem a William Hillier, um integrante da tripulação do HMS Investigator, que participou da expedição sob a liderança de Matthew Flinders. Hillier faleceu em 1803 durante a viagem.
Naquela época, era comum que lugares fossem nomeados em reconhecimento a membros da tripulação ou personalidades relevantes. Flinders se preocupou em manter viva a memória de Hillier, o que faz parte da narrativa da exploração na Austrália.
Aspectos Químicos, Físicos e Biológicos
A tonalidade rosa do Lago Hillier é o que o distingue. Sua coloração permanece constante ao longo do tempo e não se altera com a temperatura, o que o diferencia de outros lagos coloridos.
Além disso, o lago possui uma salinidade elevada, semelhante à do Mar Morto. Nele habitam organismos extremófilos, como halófitas, que prosperam em ambientes salgados.
Existem diversas hipóteses em relação à coloração rosa do Lago Hillier. A explicação mais aceita sugere que micro-organismos, como a alga Dunaliella salina, são responsáveis pela produção de pigmentos carotenoides, incluindo a beta-caroteno, sendo o pigmento que confere o laranja às cenouras.
Outra possibilidade é que bactérias halofílicas, como a Halobacterium, também desempenhem um papel na coloração. Contudo, nenhuma dessas teorias foi confirmada de forma conclusiva. Enquanto estudos identificaram a presença desses organismos, a relação deles com a cor rosa do lago permanece incerta.
Comparações com Outros Lagos Coloridos no Mundo
O Lago Hillier é um dos mais fascinantes do planeta. Ele é frequentemente comparado ao Lago Retba, localizado no Senegal, que também apresenta uma tonalidade rosa. No entanto, enquanto a cor do Lago Retba sofre alterações ao longo do tempo, o Lago Hillier mantém sua coloração rosa inalterada durante todo o ano.
Além do Lago Hillier, na Austrália, e do Lago Retba, no Senegal, existem outros lagos coloridos ao redor do mundo, cada um com suas peculiaridades. Alguns exemplos incluem a Laguna Colorada e a Laguna Verde, ambas na Bolívia.
Outro caso interessante é o Hutt Lagoon, que se encontra na Austrália Ocidental. Também podemos citar os lagos Peyto e Dusty Rose, que estão situados no Canadá. Por fim, não se pode deixar de mencionar o Lago Natron, na Tanzânia.
Povos aborígenes da Região
Os povos indígenas que habitam as proximidades do Lago Hillier e do Arquipélago de Recherche, na Austrália Ocidental, são conhecidos como Povo Noongar. Eles constituem um dos maiores grupos aborígenes do sudoeste australiano, com uma forte ligação com a terra e sua cultura.
Na área do Lago Hillier, a ilha de Middle Island não era permanentemente povoada, mas os Noongar utilizavam as ilhas e a costa para caçar, coletar alimentos e preservar suas tradições.
Os Noongar possuem uma rica tradição oral que conecta sua história e espiritualidade à natureza, dando grande importância à terra e ao meio ambiente. Muitas das narrativas e mitos da cultura Noongar tratam da criação das paisagens e da relação com o mundo natural.
O povo Noongar também foi objeto de estudo de Daisy Bates (1859-1951), uma jornalista renomada na Austrália, que dedicou seu trabalho aos povos aborígenes. Natural da Irlanda, ela imigrou para a Austrália em 1884.
Seu nome de nascimento era Daisy May O’Dwyer e se dedicou a investigar e registrar as culturas, línguas e tradições dos aborígenes nas regiões da Austrália Ocidental e Meridional.
Daisy Bates residiu durante várias décadas no deserto australiano, onde apoiava os aborígenes e documentava suas tradições, sempre vestindo roupas vitorianas, mesmo sob o calor extremo do deserto.
Embora suas contribuições tenham sido significativas, também enfrentaram críticas, refletindo as atitudes coloniais do seu tempo. Hoje, seu trabalho é analisado de uma maneira crítica.
Ela publicou artigos e um livro intitulado “The Passing of the Aborigines“. Sua trajetória e suas contribuições continuam a ser objeto de estudo e discussão, refletindo sua dedicação e as questões éticas envolvidas.
Considerações Finais
O Lago Hillier é um exemplo impressionante da beleza natural. Sua coloração rosa, sempre constante, atrai a atenção de cientistas e turistas. Embora muitas teorias tentem desvendar o mistério de sua cor, o lago continua a guardar seus segredos.
Esse corpo d’água nos recorda a relevância de investigar o mundo natural. Cada nova descoberta aprofunda nosso entendimento sobre o planeta e nos ensina a valorizar e a proteger essas preciosidades.